Chegou o calor e com ele os tão desejados passeios ao ar livre como as idas à praia, à piscina, ao rio, aos parques…
O sol faz parte da nossa vida e que bem que sabe senti-lo! Ele emite grande parte da sua energia pela sua luz solar que além da radiação visível, transmite radiação invisíveis prejudiciais para a pele. Mas não nos podemos esquecer que o sol tem efeitos prejudiciais a nível ocular, imunológico e cutâneo (queimaduras solares). Além, de que os seus efeitos são cumulativos, o que significa que ele guarda memória das nossas más atitudes (do presente) que podem trazer efeitos dramáticos no futuro.
Mas, nem tudo é mau… o sol tem os seus benefícios-naturais, nomeadamente, a radiação ultravioleta que é indispensável à vida na Terra por regular a temperatura, promover a fotossíntese, temporizar os ritmos biológicos, ser responsável pela degradação de toxinas e formação de várias substâncias biologicamente importantes, sendo o melhor exemplo, a vitamina D (vitamina esta que pode ser obtida após de 10 a 15 min de exposição solar).
Mas e os bebés, poderão eles estar expostos ao sol?
As principais recomendações das sociedades científicas defendem que a exposição solar direta deve ser evitada em bebés, com menos de 1 ano de idade. Isto, não significa que devam ficar em casa até essa idade, bem pelo contrário, as atividades ao ar livre são bastante recomendadas e os passeios devem ser incentivados desde o 1º mês de nascimento.
Com que cuidados?
Ora vejamos, através da aplicação de creme protetor nas áreas expostas da criança durante esses passeios. Devemos ter em consideração que as exposições aos raios ultravioleta (UV) não existem só quando apanhamos sol na praia, mas também durante estes simples passeios.
Será a pele da criança mais suscetível a queimaduras?
A pele da criança é estruturalmente semelhante à pele do adulto, embora seja mais fina, frágil e vulnerável a agressões externas, nomeadamente à radiação luminosa. Tendo uma epiderme mais fina, e também com menos melanina, a queimadura solar é assim mais fácil no bebé do que no adulto.
Ter este conhecimento é um sinal de alerta, pois felizmente existem medidas que ao serem tomadas podem proteger as nossas crianças.
Cuidados na escolha do protetor solar?
É aconselhável a utilização de protetores solares com filtros inorgânicos, também chamados de filtros físicos- os cremes minerais em crianças até aos 3 anos de idade, considerando que têm ainda uma pela frágil e imatura, com pouca capacidade de se protegerem da radiação solar.
Após os 3 anos de idade, a pele começa a ganhar outra maturidade e já podem ser usados protetores com filtros orgânicos, desde que sejam formulados sem fragância e, nesse caso podem apresentar diferentes texturas: spray, mousse ou leite.
Não esquecer que também os protetores solares têm um prazo de validade que deve ser cumprindo, uma vez que o incumprimento do mesmo, pode provocar irritabilidade na pele, para além de não ter o efeito de proteção desejado.
Sendo assim, na compra de um protetor solar devemos ter em conta a idade da criança, a sua composição, o fator de proteção e se é resistente à água.
Reforcem a aplicação do protetor várias vezes, uma vez que as crianças enrolam-se na areia e chapinham na água, o que remove parte do protetor.
Existem horas menos perigosas?
Evitem as horas de maior intensidade de radiação UV, nomeadamente o intervalo entre as 11h e as 17horas.
Que tipo de vestuário é aconselhado?
Seguindo as recomendações da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, sempre que possível, devemos manter a criança com uma t-shirt e o vestuário usado nas crianças obedece a alguns critérios:
– Evitar tecidos finos/porosos, quanto mais transparente menos protege, pois permitem a passagem dos raios UV;
– Se optarmos por vestuário fino/poroso, apesar de se tornarem mais quentes, devemos optar por cores mais escuras (azul, vermelho, verde) que apesar de absorverem em si mesmas os raios UV, não os deixam passar para a pele;
Uma boa forma de aferir o nível de proteção conferido por uma peça é segurá-la contra a luz, e quanto mais “transparente” for menor será a proteção conferida.
Atualmente, já conseguimos encontrar à venda vestuário específico com proteção UV, tenham apenas em atenção, que na etiqueta deve constar a sua certificação.
Não esquecer que roupa húmida aumenta o poder de penetração dos raios UV, por isso devemos evitar que a mantenham húmida no corpo.
Por último relativamente ao vestuário, não esquecer o chapéu na criança e de preferência com abas largas para conferir uma maior protecção da face e do pescoço.
O tipo de alimentação também nos protege?
Com as altas temperaturas, as crianças transpiram mais e, por isso, precisam de um maior consumo de água, seja ela bebível ou através de alimentos que hidratam, como as verduras e as frutas.
Parar de brincar não vai ser fácil, temos de ser nós, adultos, a promover as frequentes pausas, para que a criança se possa hidratar e alimentar.
Mantê-los à sombra sim ou não?
Sempre que possível, sim!! Mas quando as crianças estão à sombra, os cuidados devem ser mantidos, isto porque os raios UV refletem-se nas superfícies claras, como é o caso da água, da areia e pavimento, sendo o perigo de queimaduras solares maior nessas áreas.
O nevoeiro e a neblina não protege à exposição da radiação UV e, por isso, devemos manter os cuidados de proteção descritos.
As crianças em virtude de apresentarem uma maior facilidade de queimadura solar, uma menor noção dos riscos e de capacidade na adesão de comportamentos protetores, devem ser protegidas por NÓS, pais, cuidadores através de vários comportamentos, sendo que o primeiro é dando o exemplo.
Cláudia Xavier
Enfermeira Especialista em Saúde Infantil
Artigo Publicado no Jornal “O Sol”